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  • Rogério Schmitt

VITÓRIA DE LULA NO 1º TURNO É IMPROVÁVEL, MAS É POSSÍVEL

Estamos às vésperas do início oficial da campanha presidencial. Julho será o último mês antes do registro das candidaturas no TSE e do início da propaganda eleitoral nos meios de comunicação.

Tudo indica que teremos mesmo uma disputa em formato bipolar, entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula (PT). A esta altura do campeonato, parece ser extremamente improvável o surgimento de um terceiro nome competitivo.


Na prática, a maior incerteza que nos resta é se a disputa será resolvida no primeiro turno (como em 1994 e 1998) ou somente no segundo turno (como em 1989, 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018).


Apresentarei a seguir uma avaliação das chances de haver ou não segundo turno, com base em 60 pesquisas de intenção de voto, realizadas por 8 institutos diferentes, entre janeiro e julho de 2022. Como veremos, o favoritismo do ex-presidente Lula não é grande o suficiente para lhe garantir uma vitória em primeiro turno, mas este cenário não é tão difícil assim de se concretizar nos próximos meses.


Mas antes de olharmos para os números de intenção de voto, olhemos para os números de popularidade do governo Bolsonaro. Sabidamente, as taxas de aprovação e de desaprovação de um governo são excelentes preditores do resultado das urnas. O gráfico abaixo mostra, para cada mês do ano em curso, as proporções médias de avaliação positiva e negativa da atual administração.


Como se vê, a percepção do eleitorado sobre o governo não é muito favorável ao presidente. A sua taxa de avaliação negativa nas pesquisas (ainda que apresentando uma discreta tendência de queda) tem permanecido próxima dos 50%. Enquanto isso, a sua avaliação positiva está hoje próxima dos 30% (ainda que tenha crescido ao longo do ano). Este cenário já indica, a princípio, uma tendência de derrota de Bolsonaro nas urnas.


Porém, os números acima não permitem cravar uma vitória da oposição já no primeiro turno. A média das taxas de avaliação negativa do governo Bolsonaro precisaria estar ao menos na casa dos 55%, algo que ainda não foi observado.


Esta primeira impressão é confirmada pelo segundo gráfico, que compara as médias mensais de intenção de voto em Lula (que liderou todas as 60 pesquisas analisadas) com as médias mensais de intenção de voto de todos os outros candidatos somados (Bolsonaro, Ciro, Tebet, etc.).

De janeiro para cá, não houve nenhum mês em que Lula aparecesse numericamente com metade mais um das intenções de voto na média das pesquisas. Este cenário é justamente o que precisaria acontecer para que fosse possível cravar uma vitória do petista já no primeiro turno. Por outro lado, também é verdade que as diferenças entre as duas curvas se aproximam das margens de erro das pesquisas por amostragem.


O que precisaria acontecer para que a fatura eleitoral seja liquidada no primeiro turno? O candidato petista precisaria atrair, em primeiro lugar, o voto de todos os eleitores que já avaliam negativamente o governo Bolsonaro, e que hoje estão dispersos entre outros candidatos. O voto útil em Lula faria com que seu patamar de votação se aproximasse ainda mais dos 50%+1 necessários para uma vitória em primeiro turno.


Há também um detalhe aritmético que pode estimular o voto útil em Lula ao longo dos próximos meses. Trata-se do fato de que, até agora, os números das pesquisas se referem às intenções de voto nos candidatos tomadas como proporção do eleitorado total. Mas a partir do registro formal das chapas presidenciais no TSE, em agosto, os números dos candidatos das pesquisas passarão a ser apresentados como proporção dos votos válidos.


Em julho, por exemplo, Lula aparece até aqui com 43,4% na média das intenções de voto totais. Mas, em votos válidos, esta mesma proporção passaria a ser de 47,6%. Esta sutil matemática não está sendo devidamente levada em conta. Mas ela poderá fazer toda a diferença na percepção das chances de vitória de cada candidato, especialmente caso se mantenha até as vésperas da eleição.





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