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  • Equipe EMPOWER

POR QUE ESTAMOS ASSISTINDO UMA GUERRA?

Qualquer comentário intelectualmente honesto sobre o assunto deve partir do pressuposto de que se trata de um conflito muito complexo, com milênios de história e alguns possíveis níveis de análise. Sem isso, não há como avançar na compreensão dessa guerra. O que eu proponho neste curto comentário é responder objetivamente o motivo de estarmos assistindo a guerra entre Israel e o Hamas e lançar uma série de perguntas para reflexão, discussão e análises futuras, não necessariamente comigo ou minhas.


O Sistema Internacional – esse teatro onde se dão as relações entre os atores das relações internacionais - mudou e ainda há muita resistência por parte dos Estados (países!) em aceitar esse fato. As relações de poder mudaram. O poder dos Estados não encontra mais limites no poder de outro Estado. A Ordem Internacional (distribuição de poder, simplificando) anárquica é assimétrica. As guerras se tornam cada vez mais assimétricas. O que vemos na guerra é um Estado, Israel, lutando contra um grupo militante islâmico da Palestina, o Hamas. E para ficar só nessa região geográfica, o último conflito de Israel também foi contra um ator não-estatal, o Hezbollah do Líbano em 2006.


Estamos assistindo uma guerra porque o Hamas cometeu atos terroristas contra a população israelense, violando acordos e fronteiras relativamente estáveis há algum tempo. Por que o Hamas fez isso e quais eram os seus objetivos? Essas duas perguntas levantam uma série de hipóteses e há especialistas do mundo todo tentando responder. A minha hipótese é relativamente comum entre as opiniões que tenho lido: a aceitação de Israel por Estados do mundo árabe está aumentando e para os palestinos isso pode gerar consequências importantes, como o abandono de apoio na luta por suas históricas demandas sobre reconhecimento e território. Mas, será isso mesmo?


E por que Israel respondeu tão violentamente aos ataques terroristas? Thomas Friedman escreveu e eu concordo “se você acha que Israel está louco agora, é porque o Hamas lhe deu um soco na cara, humilhou-o e depois arrancou um olho. Portanto, agora Israel acredita que deve restaurar sua dissuasão provando que pode superar a última loucura do Hamas.”[1]. O ataque de um ator não-Estatal é algo ainda mais difícil de aceitar nas relações de poder do mundo contemporâneo. A história do conflito é antiga, milenar. Não vou entrar em detalhes, o Guilherme Casarão já fez isso muito bem em alguns textos recentes e no Podcast O Assunto, do G1. Uma análise das respostas de Israel utilizando lentes teóricas do que se chama de Segurança Humana, possivelmente trará desconcertantes considerações sobre proporcionalidade, legitimidade e responsabilidades. Uma análise usando lentes do tradicionalismo estadocêntrico, por exemplo, trará outras considerações relevantes que de alguma forma justificariam as ações militares israelenses para preservação do seu status quo, soberania e valores.


E para não desviar muito da resposta e do apontamento de que a crescente participação de atores não-Estatais na política internacional e na segurança internacional, as respostas dadas por atores estatais estão entre os assuntos mais discutidos hoje. Ninguém discorda de que os atos terroristas cometidos pelo Hamas são absolutamente condenáveis. Isso independente das complexidades e nuances da relação de Israel com os palestinos de Gaza e outras regiões. No entanto, as respostas de Israel e o formato que a guerra se desenha geram muitos questionamentos sobre os direitos humanos, o direito internacional, o concerto internacional, as esferas de influências e alianças, os interesses externos e todo o jogo de xadrez geopolítico do mundo em que vivemos. A situação é grave, é tensa e muito volátil. O Hezbollah está entrando em cena, o Irã, a Síria, o Egito e os grandes poderes como Estados Unidos, China e Rússia. É difícil conjecturar a escalada do conflito e os impactos para Israel, palestinos e outros atores, mas a probabilidade de assistirmos o fim do Hamas é alta.

[1] https://www.estadao.com.br/internacional/por-que-israel-esta-agindo-dessa-forma-thomas-friedman/





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