- Vera Galante
PRESIDENTE BIDEN ANUNCIA A ESCOLHA DE UMA EMBAIXADORA PARA O BRASIL
Exatos 365 dias após sua posse como presidente dos Estados Unidos, o Presidente Biden anuncia que vai submeter o nome de Elizabeth Bagley para aprovação do Senado dos EUA para que sirva como embaixadora dos EUA no Brasil. Isso não quer dizer que sua nomeação é garantida e nem que ela chegue ao Brasil nos próximos dois meses. O que significa é que finalmente chegou a vez do Brasil.
O presidente Joe Biden e sua equipe não se esqueceram que o Brasil foi o penúltimo país a reconhecer sua vitória e que o presidente Bolsonaro disse a uma equipe do governo do democrata em visita ao Brasil que as eleições foram manipuladas nos EUA. Além disso há problemas sérios com o que a comunidade internacional entende como ameaças à democracia, aos direitos humanos e ao meio ambiente no Brasil – opinião compartilhada pelo governo Biden.
Todd Chapman, o embaixador que iniciou seu mandato no Brasil durante o governo Trump e saiu em julho de 2021, logo após as comemorações da independência dos EUA, anunciou sua aposentadoria pouco tempo depois da posse do presidente Biden. Desde então responde pela embaixada, interinamente, Doug Koneff que era ministro-conselheiro (o segundo da embaixada) sob Todd Chapman.
Elizabeth Bagley não é membro da carreira diplomática, mas tem vasta experiência internacional tendo sido, inclusive, embaixadora em Portugal. Isso quer dizer que está bem familiarizada com liturgia e a força do cargo. Bom – o Brasil não é para amadores.
O nome de Bagley segue agora para apreciação da Comissão de Relações Exteriores do Senado dos EUA, que Joe Biden presidiu por muitos anos. Lá ela será sabatinada por uma comissão composta por 22 senadores – 11 democratas e 11 republicanos. O lado republicano conta com os senadores Marco Rubio, Rand Paul e Ted Cruz, tidos como extremamente conservadores e protecionistas. Estes tendem a se alinhar mais com o pensamento de Bolsonaro do que com o de Biden e não serão lenientes com ela. A sabatina não será fácil – ela terá que se preparar para responder sobre direitos humanos e meio ambiente, além de outras questões espinhosas como a melhoria da qualidade da democracia no Brasil e comércio internacional. Os EUA e o Brasil competem ferozmente na exportação de alimentos para a China e o Oriente Médio – tanto Brasil quanto os EUA exportam grãos, carne bovina e de frango e disputam acirradamente o mercado internacional. Também entrará na sabatina questões relacionadas aos países vizinhos ao Brasil – quanto que o Brasil está disposto a servir de interlocutor dos EUA com estes países, especialmente a Venezuela, papel que já desempenhou.
No passado, a simples posição de um candidato a embaixador no Brasil na questão do etanol serviu para protelar sua nomeação, requerendo que ele fosse pessoalmente conversar com dois senadores que haviam “pedido vistas”. Por fim houve um acordo e o seu nome foi aprovado. Melhor para os EUA.
Por outro lado, Bagley também terá que trabalhar com um presidente que não valoriza mulheres em cargos importantes, e chega a chamar de “maricas” pessoas com medo de pegar Covid. Elizabeth Bagley sabe que seu período aqui não será (e nem deverá ser) como foi o de seu antecessor, quando Bolsonaro e membros da sua família frequentavam churrascos em na casa do Embaixador. Vai ser diferente e protocolar, com certeza.
Durante o período de preparação para a sabatina, que ainda não está marcada, haverá muita reunião dela com pessoas que conhecem bem o Brasil e com brasileiros que tenham relevância para que ela conheça tudo o que conseguir assimilar antes de sua sabatina e posterior chegada ao país. Como dizem os americanos, os embaixadores, quando chegam ao país, “hit the ground running”, ou seja: estará pronta para trabalhar já no primeiro dia, dominando os assuntos mais importantes.
Parece que será uma boa embaixadora, se o seu nome for aprovado. O Brasil merece.
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