ALGUNS EFEITOS COLATERAIS DANOSOS DA COVID-19
A semana começou movimentada em Brasília – depoimentos de Ernesto Araújo no dia 17 e de Eduardo Pazuello dia 18 (ex-ministros de Relações Exteriores e Saúde respectivamente), além de ações da PF autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal mirando o (ainda) Ministro Ricardo Salles, o Ministério do Meio Ambiente e o IBAMA por exportação ilegal de madeira. Sem contar o número cada vez maior de brasileiros querendo emigrar, especialmente para os EUA. Mas tudo isso tem como estrela a COVID-19 e sua gestão (?).
A CPI da Pandemia aberta pelo Senado Federal por ordem do STF tem tomado depoimentos de membros do governo com ligação direta ou indireta na compra (ou não) de vacinas, na polêmica gerada pela defesa do presidente Bolsonaro da cloroquina e hidróxicloroquina e também tomou o depoimento do Gerente da Pfizzer para a América Latina que detalhou o cronograma de contatos com o governo federal oferecendo milhares de doses da vacina desenvolvida por aquele laboratório a preços preferenciais.
Sem detalhar depoimento algum, podemos verificar que o que menos importou para o governo foi a saúde do povo brasileiro. Não houve qualquer preocupação com a população, mas sim com a economia e com os dividendos eleitorais a serem obtidos com esta ou aquela ação. Com isso perdemos meses (ou anos) na corrida contra o vírus que tem cada vez mais liberdade de ação. Os depoimentos são cheios de contradições e mentiras facilmente comprovadas. Um espetáculo triste de assistir. Por outro lado, é bom que a população se informe sobre o processo de tomada de decisão do governo – algo que esta CPI tem mostrado com detalhes. Para nós, consultores de risco político, fica um pouco mais fácil prever riscos futuros (mas, com o atual governo, a imprevisibilidade é uma constante).
Os ministros mais caros a Bolsonaro – Ernesto Araújo, Eduardo Pazuello (não pela amizade, mas por sua lealdade) caíram. Outro ministro caro a Bolsonaro, Ricardo Salles, do Meio Ambiente, não caiu, mas está sob investigação pela PF por exportação ilegal de madeira. Houve busca e apreensão pela PF em sua residência, quebra do seu sigilo bancário, e busca e apreensão também no Ministério. O presidente do IBAMA foi afastado pelo STF. As investigações estão se tornando públicas agora. Realmente o ministro Salles aproveitou que a imprensa se ocupava cada vez mais da COVID e deixou passar a boiada. Digo, a madeira. Não sabemos ainda se Salles cairá ou não, mas deve estar provocando muita dor de cabeça no Palácio do Planalto que não pode se dar ao luxo de mais fatos negativos.
A falta de gestão (?) eficiente da pandemia e o discurso conflitante do Presidente Bolsonaro, dos prefeitos e governadores e da comunidade médica internacional sobre métodos de prevenção do contágio da COVID-19 não ajudaram a população em nada. A falta de informação confiável e de segurança geraram inclusive insegurança econômica. Reflexo visível é o número de placas de “vende-se”ou “aluga-se” pelas ruas. Outro reflexo menos visível é o número de brasileiros tentando a sorte no exterior. Hoje somos párias internacionais, para orgulho do ex-ministro Ernesto Araújo, e não podemos entrar legalmente em muitos países, especialmente os EUA. Por isso o número de brasileiros tentando atravessar a fronteira para os EUA pelo México aumentou assustadoramente. Querem uma vida melhor em um país que já vacinou grande parte da sua população, onde a economia está se recuperando e onde a educação é valorizada. Quem pode culpá-los?
A COVID trouxe consigo inúmeros efeitos colaterais nefastos para o país.
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