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  • Vera Galante

1 ANO DA POSSE DO PRESIDENTE TRUMP – O BRASIL DEVERIA COMEMORAR


20 de janeiro de 2018: um ano da posse do Presidente Donald Trump, dos Estados Unidos. Durante a campanha ele não foi levado a sério, mas foi eleito. Durante o intervalo entre novembro de 2016 e 20 de janeiro de 2017 tentou-se traçar o perfil do que seria o mais improvável Presidente. Agora, um ano após sua posse a questão permanece, enquanto os americanos e o resto do mundo seguem sendo surpreendidos pelas declarações intempestivas e impensadas do Presidente, que governa pelo Twitter. Quem é Trump?


A pergunta dos brasileiros é: e o que Trump pensa sobre o Brasil? Para responder essa pergunta é preciso entender melhor o presidente, se é que isso é possível.


O brasileiro sempre teve especial simpatia pelos candidatos democratas, mesmo sendo eles mais protecionistas economicamente. Entretanto, via de regra, dão mais ênfase a temas sociais como direitos humanos, pautando sua política externa sob essa ótica. Mas a diferença entre os democratas americanos e os republicanos não é muito acentuada ideologicamente. O Presidente Obama conseguiu impor uma agenda social expressiva, ao mesmo tempo em que a estatística de deportação cresceu muito durante sua administração, dando-lhe a fama do presidente que mais deportou nos anos pós guerra. Essa afirmação não é totalmente verdadeira: a definição do que seria deportação mudou sob a sua gestão para incluir mais modalidades, o que aumentou significativamente os números. Essa “acusação” foi feita pelo então candidato Trump como sendo um problema. Barak Obama, no entanto, foi autor de mecanismos que garantiam a permanência em território americano das crianças trazidas ilegalmente pelos pais, também foi dele (ou de sua administração) a autoria de um plano de saúde que incluía os pobres que não teriam como pagar por um plano particular. Sua política externa não foi muito diferente da de seu antecessor, George W. Bush, que também não foi muito diferente de seu antecessor. Sob essa ótica, Hillary Clinton seria a candidata preferida do brasileiro.


Os candidatos Repubicanos sempre foram mais antipáticos aos brasileiros, mas para o país eles representariam menos “riscos”. Eles são muito mais inclinados ao livre comércio e são menos protecionistas. Assuntos sociais não definem a agenda internacional, portanto são muito convenientes para o Brasil, que vive sob o olhar internacional pelas constantes violações de direitos humanos e outros problemas. Então o candidato republicano Donald Trump seria o que traria menos “dor de cabeça”, mas por quem a maioria dos brasileiros nutria especial repulsa.


Foi eleito o candidato do Partido Republicano. Na verdade quem foi eleito foi Donald Trump, que foi aceito pelo partido que o apoia a duras penas. Nem o Partido Republicano é Trump, nem Trump é Republicano. Trump é Trump. Trump é um presidente que age sozinho, para desespero de seus auxiliares. Ele não traz consigo nenhuma experiência política e nem seus assessores na Casa Branca têm qualquer experiência anterior de governo. Isso se tornou um problema, já que não existe uma voz, uma diretriz, ou mesmo planos de ação. Existem várias vozes e a diretriz é dada pelo Twitter pelo próprio presidente, muitas vezes em resposta a algo que ele ouviu, e não gostou, pela manhã.


Trump se mostrou protecionista e totalmente alheio aos direitos humanos e sociais. Ele impôs ao Congresso uma reforma fiscal cujas consequências ainda não são conhecidas, uma reversão importante na política de saúde do Presidente Obama (diga-se que foi uma política perseguida por todos os presidentes no pós guerra – democratas e republicanos – e só conseguida por Obama), ainda não conseguiu, mas está lutando para reverter a política de Obama de acolhimento aos filhos dos imigrantes ilegais (DACA), assinou decretos (mais tarde embargados pela justiça) impedindo primeiro, a entrada no país de pessoas oriundas de 7 países (ordem emitida em uma sexta-feira trazendo caos aos aeroportos). Depois de a justiça rejeitar essa ordem, outra foi emitida – um pouco mais branda mas igualmente discriminatória. Também esta foi objeto de processos judiciais, mas depois de uma longa batalha judicial, a Suprema Corte autorizou a implementação de alguns artigos do decreto até que o caso fosse examinado em outubro de 2017, o que não aconteceu. A Suprema Corte continua permitindo que alguns artigos sejam cumpridos, mas ainda não deu a sentença final.


Trump é seu pior inimigo e contradiz seus assessores publicamente e também se contradiz publicamente, o que não o ajuda em nada com a opinião pública. Semana passada em uma reunião para discutir o orçamento que tem que ser votado, fez um comentário sobre a origem da maior parte dos imigrantes – países de m*. Ele quer mais imigrantes noruegueses. Talvez esse tenha sido seu pior comentário até hoje. Ele contradiz e desautoriza seus colaboradores como o Secretário de Estado Rex Tillerson (que até hoje não mostrou a que veio) e mais recentemente seu Chefe da Casa Civil (Chief of Staff) John Kelly. A Presidência dos EUA se tornou um “reality show” desenrolado pelo Twitter.


Estas são apenas algumas das muitas ocasiões que Trump se coloca em maus lençóis. O Brasil não sabe o que esperar de um presidente como este, mas o Brasil não está sozinho – o resto do mundo também não sabe.


Na arena internacional, Trump tem se mostrado totalmente ausente e desinteressado. Imediatamente após sua posse, reclamou de os EUA serem os únicos que pagavam as contas da OTAN em dia, retirou os EUA do Acordo de Paris sobre o Clima (mas pode reconsiderar a decisão), denunciou o NAFTA, o TPP, ofendeu países aliados como o México, comprou brigas com outras personalidades internacionais como o prefeito de Londres, um muçulmano e até Angela Merkel da Alemanha. Ao mesmo tempo não poupou elogios a representantes de regimes autoritários como Putin (Russia), Tayyip Ergodan (Turquia), Bashar-al-Assad e tantos outros. Isso sem mencionar a pública troca de insultos com Kim Jong-un da Coreia do Norte.


O Brasil se contenta em ficar abaixo do radar de Trump, o que é uma boa ideia já que a próxima ofensa pode sobrar para o Brasil, se ele o notar. Entretanto há oportunidades para serem aproveitadas, como o aumento do comércio com a Europa, com a China, com a Ásia e com o México (também alvo preferencial dos impropérios de Trump). O Brasil, muito por causa dos intermináveis problemas políticos internos – corrupção, julgamento de personagens importantes populares, o ano eleitoral – não está sabendo aproveitar as oportunidades que se apresentam. Ao invés de ficar aguardando um aceno do governo dos EUA, o Brasil deveria agressivamente buscar seu lugar no comércio global. Só que a indústria brasileira perdeu terreno... mas isso é assunto para um outro artigo.


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