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  • Vera Galante

O PRESIDENTE QUE (DES)FAZ


Donald Trump se elegeu presidente prometendo de tudo, sem pensar em suas consequências mas, como se julga infalível, vai fazendo tudo conforme lhe apraz.


Internamente, prometeu repeal and replace [anular e substituir] o Affordable Care Act, conhecido como Obamacare, um plano de saúde que dá cobertura aos que não têm condições de ter um plano de saúde. Esse plano é eminentemente social e conta com subsídios do governo para o seu sucesso. Trump cobrou do Congresso ação para anular e substituir o plano que seu antecessor conseguiu aprovar depois de muita conversa com o Congresso americano e com votos dos dois partidos. Esse estilo não se aplica ao Trump. Ele não conversa, mas sim ofende e humilha pelo Twitter, seu meio de comunicação de preferência.


No dia 12 de outubro baixou uma Ordem Executiva (um pouco mais forte do que a Medida Provisória no Brasil), retirando os subsídios do governo ao plano e forçando os menos favorecidos a aderirem a planos de saúde que não cobrem quase nenhuma doença. Ele conseguiu anular, na verdade minar o Obamacare, mas não substituiu por coisa melhor.


Essa última batalha é apenas mais uma do que se tornou seu estilo de governar. Até agora não aprovou nada que pudesse melhorar a vida da população ou a imagem dos EUA no exterior. Logo de início reclamou que a participação dos EUA na OTAN gerava muita despesa e pouquíssimo benefício. No dia 13 de outubro, o Presidente Trump de-certificou o acordo com o Iran, assinado por 8 potências, apesar do apelo de todas as outras 7 contra a atitude do Presidente americano.


O Presidente anuncia todas as suas ações pessoalmente e raramente delega aos seus respectivos Secretários. Só o fez duas vezes – quando o Advogado Geral Jeff Sessions (equivalente ao Ministro da Justiça) anunciou o fim do DACA (Deferred Action for Childhood Arrivals) em julho de 2017 após um período de hostilidades a Sessions pelo Twitter (Trump o chamou de idiota). Trump teve duas intenções: a primeira de deixar para Sessions dar a péssima notícia de que a anistia aos filhos de imigrantes ilegais seria suspensa, e de que, apesar de ser idiota, continuava no cargo.


A mesma coisa aconteceu no dia 12 de outubro. O desprestigiado Secretário de Estado Rex Tillerson, anunciou a retirada dos Estados Unidos da UNESCO, órgão da ONU para a Educação, Cultura e Ciências. Os EUA querem participar como observadores, sem direito a voto. Assim poderão participar das discussões e até influenciar os votos, mas não votar.


Quanto ao DACA, a repercussão foi tão negativa, que o Presidente voltou atrás. Trump não revogou a decisão, mas pediu ao Congresso que elaborasse uma solução que ele pudesse aprovar. Traduzindo, isso quer dizer que ele assina qualquer coisa parecida com o decreto antigo (elaborado durante a presidência de Obama), mas que teria a sua marca. Sessions continua a fazer o papel de moço de recados.


A UNESCO não tem a menor importância para os EUA, tanto é que em 1984 o país havia se retirado por motivo semelhante. Agora a alegação é que a Instituição é anti-Israel. Em 1984 era pró a então União Soviética. Em 2002, após os ataques terroristas em solo americano, o Presidente George W. Bush ordenou a volta do país à Organização para passar a mensagem de que tinha compromisso com os direitos humanos, a tolerância e o aprendizado. Trump não dá importância alguma para nenhum desses valores. Por isso seu Secretário de Estado anunciou a medida, que não mereceu nem um Tweet de reforço do Presidente.


Uma rápida olhada nos seus Tweets do dia 12 de outubro mostra um Trump obcecado com sua popularidade, brigando com a imprensa. A rede da vez é a NBC porque publicou que ele havia pedido para aumentar em 10 vezes a potência nuclear do país. Nada de UNESCO, o que na verdade não surpreende dado o seu desprezo histórico pela diplomacia, organismos e tratados internacionais fica evidente (Tratado de Paris sobre o Clima, ONU, OTAN, NAFTA, JCPoA e tantos outros). Fica evidente também o desprestígio do Secretário Tillerson, que teria chamado o Presidente de moron (algo como idiota). Quando confrontado, Trump disse que não acreditava que seu Secretário de Estado tivesse dito aquilo mas, que se fosse verdade, o desafiava para um teste de QI e todos sabem de antemão quem teria o QI mais alto.


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