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Equipe EMPOWER

ALCKMIN PODE MUDAR DE PARTIDO?

Uma das primeiras decisões de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após a sua apertada vitória sobre Jair Bolsonaro (PL) no último domingo, foi a nomeação de Geraldo Alckmin (PSB) para a coordenação da equipe de transição entre os dois governos. E o vice-presidente eleito não está perdendo tempo: já está liderando a negociação com o Congresso da lei orçamentária para o próximo ano. O ex-governador tucano provavelmente também terá muita influência na montagem do gabinete ministerial do presidente eleito.

Mas gostaria de chamar a atenção para um aspecto que vem sendo pouco lembrado nas análises sobre o papel político de Geraldo Alckmin, que é a sua atual filiação partidária. O novo vice-presidente foi um dos fundadores do PSDB, ao qual permaneceu filiado durante mais de três décadas. Ele viria a abandonar o ninho tucano em dezembro de 2021, e se filiaria ao PSB em março de 2022 - justamente para compor a chapa eleitoral do ex-presidente Lula.


Acontece que o PSB de Geraldo Alckmin elegeu apenas 14 deputados federais e 1 senador nas eleições legislativas de 2022 (contra 32 deputados e 2 senadores em 2018). Na verdade, o partido terá a sua menor bancada no Congresso desde as eleições de 1990, e talvez tenha dificuldades em superar a cláusula de desempenho já nas eleições de 2026.


É nesse sentido que cabe a pergunta: a permanência de Alckmin no PSB ajuda, dificulta ou é indiferente para a necessária tarefa política do futuro governo em construir uma maioria legislativa?


Há pelo menos dois bons exemplos na história recente de vice-presidentes que mudaram de partido como uma estratégia de ampliação dos apoios políticos aos governos que integravam.

O primeiro exemplo é o do finado José Alencar, que foi vice do próprio Lula em seus dois primeiros mandatos presidenciais. Originalmente filiado ao PL, Alencar se transferiu para o PMR (atual Republicanos) em setembro de 2005, no terceiro ano do primeiro mandato presidencial de Lula.


O segundo exemplo é o do atual vice-presidente, companheiro de chapa de Jair Bolsonaro em 2018. O general reformado Hamilton Mourão, eleito pelo nanico PRTB, se filiou ao Republicanos (sigla pela qual acaba de eleger-se senador) no último mês de março.


Este tipo de movimentação partidária poderá se repetir com Geraldo Alckmin? Não há dúvidas de que o ex-governador paulista não tem raízes profundas fincadas no PSB, como claramente tinha no PSDB. E - cá entre nós - é até um pouco irônico que Alckmin, apresentado pela campanha lulista como uma das garantias de que Lula fará um governo moderado, esteja filiado a uma sigla que se apresenta nominalmente (mas apenas nominalmente) como "socialista".


Naturalmente, é impossível afirmar de modo categórico que Alckmin sairá em breve do PSB. Mas esta hipótese também não pode ser categoricamente descartada.


Pessoalmente, não ficaria surpreso se a filiação partidária de Geraldo Alckmin vier a ser usada como um dos instrumentos de obtenção de apoio das siglas que provavelmente farão parte da nova coalizão governista (especialmente o União Brasil, o MDB ou o PSD).


Em condições normais de temperatura e pressão, para qualquer partido político, ocupar o Palácio do Jaburu já teria mais valor do que ocupar diversos ministérios. Caso, porém, se confirmem as expectativas de que Alckmin será quase um "primeiro ministro" para o presidente Lula, o valor político estratégico da vice-presidência nos próximo quatro anos será maior ainda.





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