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Vera Galante

VOLTA À NORMALIDADE

Como sabem, acompanho a política dos Estados Unidos e, inevitavelmente, comparo com a do Brasil. Parei de escrever sobre os EUA logo após a posse do Presidente Joe Biden em janeiro porque a nova administração tomou providências e atitudes previsíveis. Podemos dizer que a normalidade voltou ao país. Mas o que significa normalidade, se até bem pouco tempo o registro de mortes por COVID-19 era o maior do mundo (até ser suplantado pelo Brasil)? Apesar de uma forte alta no desemprego em abril de 2020, hoje os jornais noticiam que o número de desempregados caiu ao nível mais baixo desde o início da pandemia, sinal de reação da economia.


Disse mais cedo que a normalidade voltou ao país, mas creio que o mais correto é dizer que não existem mais muitas surpresas. Joe Biden prometeu vacinação em massa e está cumprindo – comprando vacinas suficientes para abastecer todos os estados. O federalismo de lá permite que cada estado tenha seu próprio calendário de vacinação, suas próprias regras (aliás o daqui também, mas voltaremos a isso mais tarde). Cada estado está em um estágio um pouco diferente do outro, mas todos vacinam sua população rapidamente. Os resultados podem ser sentidos – o número de mortos pelo vírus está diminuindo quase todos os estados. Com a maior parte da população vacinada, as atividades cotidianas poderão voltar ao normal em pouco tempo. Atividades cotidianas incluem volta às aulas, às atividades econômicas, ao lazer... enfim ao que estávamos acostumados antes de março de 2020, quando a OMS declarou a COVID-19 uma pandemia mundial.


A comparação com o Brasil é inevitável. O Brasil ainda não atingiu o número de 500.000 mortos que os EUA apresentam – mas trata-se de números absolutos e não da porcentagem da população. Entretanto, já ultrapassa o número diário de mortos em números absolutos. Infelizmente. Enquanto isso alguns governadores tentam implementar medidas mais drásticas para conter o vírus em seus estados e o Supremo Tribunal Federal é instado pela Presidência da República a opinar se os governadores têm ou não autonomia para tomarem tais atitudes. Têm. Já falei nesse espaço sobre distribuição de vacinas no Brasil, e não vou repetir.


O erro aqui talvez seja o de separar vacinação, isolamento social e medidas restritivas das atividades econômicas. Elas andam juntas, como demonstram os EUA. Se houver vacinação em massa, mais cedo voltaremos às atividades chamadas de “normais”. O que a população quer é saber se e quando será vacinada para que o vírus seja controlado. Hoje o sistema de saúde está em total colapso – cai o ministro Pazuello e entra o médico Marcelo Queiroga que anuncia a meta de vacinar 1 milhão de pessoas por dia. Quando chegarem as vacinas, claro, talvez no mês que vem.


Enquanto isso torcemos por voltar à normalidade antiga, e fugir do “novo normal”: rotina de mais de 2.000 mortes diárias, comércio parcialmente fechado, relatos de falta de leitos de UTI país afora, atendimento de pacientes graves em corredores de hospitais públicos e particulares... Torcemos também para não sofrermos acidentes domésticos, enfartos, avcs, ou não termos qualquer outra intercorrência de saúde porque não teremos atendimento hospitalar adequado. Saudades do velho normal com a rotina básica de trabalho, escola, casa, lazer, macarronada de domingo com a família toda...


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