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  • Rogério Schmitt

O QUE PRECISARIA ACONTECER PARA BOLSONARO FICAR FORA DO 2º TURNO?

O normal na política brasileira é que os presidentes que buscam um segundo mandato sejam reeleitos. Foi assim com FHC (já no primeiro turno), com Lula e até com Dilma Rousseff. A menos de um ano e meio para a próxima eleição presidencial, é natural que consideremos o caso do presidente Bolsonaro.

A melhor variável preditora da competitividade nas urnas de um presidente que busca a reeleição é a popularidade do seu governo nas pesquisas de opinião. Mais especificamente, devemos olhar para a proporção de eleitores que avaliam o governo como “ótimo” ou “bom” numa escala que inclui também as avaliações “regular”, “ruim” e “péssimo”.

Em condições normais de temperatura e pressão, presidentes cujos governos desfrutam de elevada avaliação positiva nas pesquisas tendem a ser reeleitos. Ao contrário, presidentes com elevada avaliação negativa tendem a ser derrotados – ou a sequer concorrerem a um segundo mandato.

A popularidade do governo Bolsonaro nas pesquisas vem caindo continuamente desde a eclosão da segunda onda da pandemia do coronavírus. Nesta conjuntura, um dos cenários eleitorais que passou a ser cogitado é a eventual ausência do atual presidente até mesmo do segundo turno.

Como veremos, hoje este cenário parece ser bem improvável. A avaliação positiva do governo ainda é mais do que suficiente para que Bolsonaro esteja no segundo turno. Mas, na prática, o que precisaria acontecer nos próximos meses para aumentar a probabilidade de um cenário sem Bolsonaro no segundo turno?

No gráfico abaixo, temos um retrospecto das avaliações positiva (ótimo/bom) e negativa (ruim/péssimo) do governo Bolsonaro nas pesquisas de opinião desde a posse do atual presidente. Para facilitar a visualização dos dados, eles estão agrupados em médias trimestrais. Utilizei pesquisas (presenciais e telefônicas) de sete institutos diferentes.



Por exemplo, na média das pesquisas realizadas no primeiro trimestre de 2019, o governo Bolsonaro era avaliado positivamente por 39,7% dos eleitores, e negativamente por outros 19,1%. Mais recentemente, na média das pesquisas realizadas no primeiro trimestre de 2021, estas mesmas taxas eram, respectivamente, de 30,4% e de 44,0%. O gráfico mostra que a segunda onda do coronavírus produziu um impacto negativo na popularidade do governo. A avaliação positiva vem caindo há dois trimestres consecutivos, e se encontra atualmente no patamar mais baixo (24,8%) de toda a série histórica. Movimento igual e contrário é observado na avaliação negativa, atualmente no patamar inédito de 52,4%. Se a eleição presidencial fosse hoje, com a avaliação positiva que ainda consegue sustentar, Bolsonaro certamente iria para o segundo turno. Mas o risco de o presidente não ser reeleito seria elevadíssimo, pois mais da metade do eleitorado já avalia negativamente o seu governo. Avancemos, entretanto, para águas mais profundas. Quais os patamares empíricos de (im)popularidade que precisariam ser observados nas pesquisas para se pudesse cogitar seriamente o cenário de um segundo turno sem Bolsonaro? Em primeiro lugar, a avaliação positiva do governo ainda teria que ser consideravelmente desidratada. Na prática, talvez ser reduzida à metade do que é hoje, ficando próxima do patamar de 10% de ótimo/bom. Em segundo lugar, precisaria ocorrer também um aumento significativo da avaliação negativa, levando o ruim/péssimo para um patamar superior a 65% do eleitorado. Como costuma dizer um amigo meu, a avaliação negativa teria que virar uma espécie de “taxa de ódio”. Naturalmente, todos estes números teriam que ser observados não agora, mas nas pesquisas que serão realizadas nos dois primeiros trimestres de 2022. Imediatamente antes do início da campanha eleitoral, possivelmente já seria tarde demais para que fossem revertidos. Mas, seja como for, já deixo aqui o que gosto de descrever como o “mapa do caminho”. Estamos diante de indicadores empíricos objetivos que podem e devem ser monitorados na avaliação de risco político e na elaboração de cenários.

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