A RETA FINAL DAS ELEIÇÕES DOS EUA – O QUE AINDA PRECISAMOS DE ENTENDER
Na escala que temos aqui na Empower (e às vezes furamos), meu próximo artigo para este blog será no dia 4/11, portanto no dia seguinte ao encerramento das eleições nos EUA. Seguramente não saberemos quem terá sido eleito, já que os votos só começarão a ser contados no dia 3/11, inclusive os votos pelo correio e presenciais em “zonas eleitorais” já abertas para este fim.
O sistema eleitoral dos Estados Unidos é complicado demais para nós brasileiros, que estamos acostumados a um resultado quase imediato por causa do voto eletrônico. É impensável esperarmos dias ou mesmo semanas até conhecermos o vencedor – será assim no dia 15/11 nas eleições municipais. No próprio dia 15 saberemos quem foi eleito e quem vai para o 2º turno. Não podemos nos esquecer também que lá, diferentemente daqui, o voto não é obrigatório. Outra diferença fundamental é a cédula eleitoral – no caso das eleições municipais, haverá somente candidato a prefeito, a deputado estadual e vereador. A cédula eleitoral nos EUA varia de estado para estado, e de condado para condado – abaixo o que poderá estar em cada cédula eleitoral no estado de Minnesota – a escolha do estado é absolutamente aleatória.
O grande desafio dos candidatos a qualquer cargo eletivo é motivar o eleitor a ir votar, daí tantos mecanismos para garantir que todos tenham a oportunidade de expressar sua opinião. O eleitor pode votar pelo correio – a cédula é enviada à sua residência mediante requisição ou não, dependendo do estado e o voto é depositado em uma agência dos correios, que guardará até o início da contagem dos votos; há também “caixas postais” onde os votos são depositados pessoalmente e só serão abertas no dia 3/11; e ainda o voto presencial antecipado, quando os eleitores comparecem às “zonas eleitorais” pré estabelecidas e lá depositam seu voto, que também ficam esperando a contagem que será iniciada no dia 3/11. A primeira terça-feira de novembro é o chamado o Dia das Eleições, mas na verdade é o dia do encerramento das eleições.
Como vemos, cada condado tem uma cédula eleitoral diferente, o que torna a contagem especialmente complexa. Por isso é impensável a contagem eletrônica unificada como temos no Brasil, o que não significa dizer que não haja contagem eletrônica por lá. Alguns estados têm mecanismos de contagem eletrônica, mas nem todos.
O panorama muito superficial das diferentes modalidades de votos que descrevemos acima nos dá uma ideia do que deverá acontecer nas eleições que se aproximam. Com a pandemia, o voto pelo correio deverá crescer exponencialmente, o que nos permite afirmar com segurança que a contagem destes votos atrasará a divulgação do resultado final das eleições. Apesar de o Presidente Trump constantemente lançar dúvidas quanto à lisura da contagem dos votos pelo correio, há pouca evidência de que seja um problema – em todas as pesquisas feitas até hoje, a constatação de votos fraudados foi ínfima, não justificando as alegações do presidente.
Todas essas variáveis nos levam a prever que haverá pedido de recontagem de votos em estados onde as eleições forem muito apertadas, assim aumentando o suspense quanto ao vencedor das eleições. Em 2000, quando concorriam à presidência Al Gore e George W. Bush, houve pedido de recontagem de votos na Flórida, a Suprema Corte estadual pediu uma recontagem manual dos votos de algumas seções eleitorais, mas a Suprema Corte do país reverteu a sentença efetivamente dando os 25 votos da Flórida no colégio eleitoral ao candidato republicano, George W. Bush que, assim, venceu as eleições.
A natureza combativa do Presidente Trump nos permite antever embates semelhantes em vários estados, não só em um. A não ser que a vitória de Biden seja com margem muito grande, situação pouco provável. Hoje as pesquisas apontam vantagem para a dupla Biden/Harris, mas não larga o suficiente para lhes garantir uma vitória acachapante. Trump patina, mas recupera terreno em alguns lugares.
Interessantemente a Flórida poderá decidir as eleições novamente.
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