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  • Vera Galante

A CAMPANHA PARA 2022

Oficialmente a campanha para os cargos majoritários só começa em 2022. Entretanto o próprio presidente da República já antecipou seu início para 1 de janeiro de 2019, quando tomou posse. Desde então se cogita em quem será seu oponente, já que naquela época o ex-presidente Lula ainda era inelegível. Ciro Gomes (PDT) sempre foi candidato, apesar de demorar a admitir. Mas surgiram outros.

João Dória (PSDB), governador de São Paulo, surgiu como um oponente respeitável quando bancou a produção da vacina Coronavac pelo Butantã em parceria com a chinesa Sinovac. Após várias polêmicas que passaram pela eficácia da vacina, compra da vacina pelo Ministério da Saúde e subsequente proibição de compra pelo presidente Bolsonaro, o governo federal foi forçado a não só comprar e distribuir a Coronavac, como a comprar e distribuir várias outras como a AstraZenica (FioCruz e Oxford), Pfizzer (EUA), Jansen (EUA) – tudo isso enquanto o presidente se recusa (?) a tomar vacina e se pronuncia contra sempre que tem oportunidade, como na última Assembleia Geral da ONU em setembro em seu pronunciamento de abertura.

Nesse meio tempo o ex-presidente Lula (PT) se torna elegível novamente por decisão do STF, cujos detalhes fogem do tema deste artigo, e se torna o adversário natural de Bolsonaro, apesar da demora de Lula em admitir que é candidato à presidência da república. Bolsonaro é forçado a mudar o foco de sua artilharia, mas não pode se esquecer que Dória ainda tem força. Alguns outros surgiram, mas viram logo que não teriam chance alguma diante dos dois.

O presidente Bolsonaro, porém, tinha outros problemas além da campanha eleitoral – o de fazer aprovar projetos de interesse de seu governo. Fez então uma aliança com o chamado “Centrão”, um aglomerado não oficial de partidos ao centro (mais por conveniência do que por convicção) para conseguir mais interlocução com o Congresso Nacional e, para selar a aliança, nomeou o líder do Centrão, Ciro Nogueira seu Ministro da Casa Civil. Mas essa aliança não se mostrou suficiente para garantir tranquilidade para o presidente – somente nesta semana, a Câmara manteve 7 vetos do presidente, rejeitou outros 7 e ainda vai analisar 10. Agora falta o Senado opinar.

Bolsonaro coleciona derrotas e desgastes – uma das razões é ter começado sua campanha tão cedo. Suas declarações polêmicas (na melhor das hipóteses) que acirram os ânimos entre os poderes provocaram desgaste mesmo dentro de sua base fiel. Mas ao mesmo tempo são essas mesmas declarações que mantém um grupo cada vez menor, mas mais coeso, a defender tudo o que o presidente faz ou diz cegamente.

O desgaste da presidência de Jair Bolsonaro e de sua candidatura à reeleição favorece o aparecimento de candidatos da chamada 3ª via – nomes com chances de derrotar Bolsonaro e até Lula. Esses nomes estão sendo testados publicamente e muitos parecem ser viáveis. O mais recente a despontar como uma possibilidade é o Senador por Sergipe Alessandro Vieira (Cidadania), que tem tido atuação destacada na CPI da Pandemia. O também Senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) tem mostrado força, e tem um forte cabo eleitoral – Gilberto Kassab, presidente do PSD. O governador do Rio Grande do Sul também tem mostrado força dentro e fora de seu partido, também com um importante cabo eleitoral, o Senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Datena tem popularidade, mas enfrenta dificuldades pois não tem experiência alguma em cargos eletivos. O ex-juiz e ex-ministro Moro também ainda não tem o que mostrar: não tem partido e tem pouca exposição como político. Também nunca concorreu a cargo político. Mandetta (DEM-MT), ex-ministro da saúde e demitido por Bolsonaro por causa de posições contrárias às suas (vacina, uso de máscara, isolamento social) mostra alguma força e tem trabalhado para se firmar como candidato viável. Ciro Gomes sempre começou bem, mas tem um temperamento mercurial, portanto uma incógnita como candidato viável. Mas quem sabe sua tenacidade lhe renda a presidência?

Enquanto isso vemos Lula e Bolsonaro sofrerem com a possibilidade de aparecer um candidato viável que lhes faça frente e vença um dos dois no segundo turno (ou mesmo no primeiro). João Dória vê sua popularidade cair, mesmo tendo sido o responsável indireto pela vacinação em massa contra a COVID-19 no Brasil, por causa do seu temperamento pouco conciliador. Bolsonaro, de todos, é o que mais corre perigo.

Não vou citar pesquisas. Por enquanto elas ajudam muito os candidatos a se posicionarem e a definirem estratégias de campanhas, mas não são capazes, ainda, de mostrar o que vai acontecer em outubro de 2022. O que se sabe é que quem deu a largada primeiro está sofrendo mais desgastes do que os que entraram na corrida tardiamente. Ainda falta um ano para as eleições, e muita coisa pode acontecer até lá – comento sobre o quadro que se apresenta hoje.


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