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Luís Henrique Pedroso

A ATUAL RELAÇÃO ENTRE AS MÍDIAS SOCIAIS E AS ELEIÇÕES


Não é mais novidade a relevância das mídias sociais nos recentes processos eleitorais transcorridos nos diversos países. A primeira eleição de Obama alertou ao mundo, ao mesmo tempo que a de Trump, escancarou a importância das mídias sociais para as eleições presidenciais nos EUA. As eleições parlamentares na Itália, realizadas no início de março, deixaram mais um bom exemplo da atual relação entre as mídias sociais e os pleitos. Elas estão invariavelmente vinculadas. Em boa parte do globo é impensável tratar de eleições sem tratar de mídias sociais. O partido ou candidato que ignorar este fato está fadado ao insucesso. Os tempos de caravanas, de aguardados debates na Rede Bandeirantes ou na TV Globo acabaram. O tempo agora é outro, é o tempo dos cliques, dos mêmes, das montagens, das fake news, das mídias sociais. E não é exagero, vejamos.


Extensamente estudadas, as campanhas de Obama de 2007/08 e 2011/12 abusaram da presença do candidato nas mídias sociais e conseguiram ‘humanizar’ a figura do político. Gente como a gente, dizemos todos. Em sua primeira campanha, Obama empregou cerca de 100 funcionários apenas para conduzir sua presença digital. O anúncio da sua candidatura à reeleição foi ao vivo no Youtube e teve até a hashtag, o #Obama2012. Donald Trump investiu mais de 100 milhões de dólares em anúncios no Facebook durante a corrida presidencial de 2016. Sua campanha chegava a gerar entre 50 e 60mil anúncios diários só no Facebook, de acordo com o estrategista-chefe e diretor digital da campanha, Brad Parscale. A mensagem certa para a audiência certa de forma automatizada e relativamente barata, sim, pois por menos de um dólar investido nos anúncios, a campanha recebia mais de um dólar de doação. Sucesso, ainda mais se incluirmos a plataforma favorita de Trump na equação, o Twitter. O alcance dos tweets do candidato Trump ultrapassava a barreira dos seus seguidores, pois usualmente eles eram compartilhados por dezenas de milhares de usuários pró e contra Trump. Os mesmos viravam manchete em jornais impressos e coberturas televisivas, eram ideias, deboches, posicionamentos, xingamentos, propostas que ultrapassavam o digital e paravam nas conversas de botequim, mas que ganhavam momentum “na rede”. As mídias sociais são o palanque do momento, e nesse palanque é fundamental presença constante.


Foi exatamente isso que alguns partidos de, então, menor expressão, perceberam e exitosamente tiraram proveito nas recentes eleições parlamentares na Itália. O Movimento Cinco Estrelas (M5S) surgiu de um blog, isso mesmo, do blog do comediante Beppe Grillo, e conquistou a maior parte dos votos na eleição do último dia 4, 32% do total. Outro partido com forte atuação nas mídias sociais – a Liga – obteve 17% dos votos. Juntos, os dois partidos receberam quase metade dos votos registrados na eleição italiana, algo significativo. Creditar esse sucesso exclusivamente à sua atuação nas mídias sociais é, assim como nos casos de Obama e Trump, enorme estupidez. No entanto, a presença digital do M5S e da Liga merece destaque amplificado principalmente porque mais de um terço dos seus eleitores possuem menos de 35 anos e estão interconectados pelas diferentes plataformas de mídias sociais.


Para partidos e políticos brasileiros, o alerta: presença nas mídias sociais deixou de ser uma opção e já é uma obrigação. Independente da ideologia, do programa ou das propostas, os candidatos precisam estabelecer forte presença em, no mínimo, plataformas como Facebook, Twiter, Instagran, Linkedin e Youtube. Mais do que isso, é preciso utilizar as tecnologias oferecidas por tais ferramentas para mais eficazmente alocar recursos de campanha. Tudo dentro da lei, naturalmente. Para exemplificar, consideremos que no Brasil são 102 milhões de usuários só no Facebook. Os algoritmos do Facebook possuem limitações e virtudes inerentes a qualquer negócio, qualquer indústria, pois devem partidos e candidatos reconhecer isso e preparar campanhas direcionadas aos clusters dos seus simpatizantes. Além disso, é preciso ética e muito profissionalismo por parte da equipe técnica para evitar a criação e disseminação de fake news e respeitar os limites legais e morais. Por fim, que fique claro, aparecer por aparecer nas mídias sociais é um risco enorme e potencial gerador de crises, mas deixar de aparecer é burrice. Acredito que, assim como visto nos EUA e na Itália, presença nas mídias sociais é fundamental para o sucesso, mas este não virá sem que a população simpatize com o partido, o político, o candidato ou o conjunto de pensamentos que estes defendem.

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